AGERAÇÕES ANALÓGICAS E DIGITAIS: DIFERENTES VISÕES SOBRE A CARREIRA E A ESCOLHA PROFISSIONAL

Gerações analógicas e digitais: diferentes visões sobre a carreira e a escolha profissional

 

  

O conceito de geração refere-se a um conjunto de pessoas nascidas no mesmo período histórico e que receberam ensinamentos, estímulos sociais e culturais similares e, por isso, têm valores, comportamentos e modos de pensar muito parecidos.


Segundo o educador e filósofo Mário Sérgio Cortella, o período entre uma geração e outra durava cerca de 25 anos, mas a tecnologia trouxe mudanças que aceleraram o processo de evolução da sociedade, fazendo com que o intervalo entre elas ficasse menor. Pessoas de diferentes épocas convivem em família, nas escolas e no mercado de trabalho.


Na Sociedade Pós-Moderna, as gerações foram nomeadas como X, Y e Z (esta última, renomeada como Geração I Gen ou I Generation). A geração X é formada por pessoas que nasceram entre a metade da década de 60 e o início dos anos 80 e que cresceram sob os moldes da família tradicional: pai e mãe estavam no topo da hierarquia e eram encarregados de socializar os filhos, enquanto a instrução era responsabilidade da escola e os preceitos morais eram orientados pela religião.


Quando adolescentes, se tornaram rebeldes, queriam sair da casa dos pais e conquistar a independência. Viveram na época da democratização do Brasil e viram o surgimento de uma doença devastadora: a AIDS, que levou à morte muitos de seus ídolos.


No entanto, as raízes na tradição eram fortes e formaram adultos com perfil profissional focado, processual e paciente. Os profissionais da Geração X se acostumaram a trabalhar duro para construir a carreira, valorizavam cargos e títulos e buscavam estabilidade e segurança financeira. Quando tiveram que escolher seus caminhos profissionais havia um leque menor de opções que atualmente, porém geralmente, optavam por carreiras consideradas “tradicionais” como direito, medicina, engenharia, contabilidade ou pedagogia.
Aprenderam com seus pais que o sucesso profissional significava construir uma longa carreira na mesma empresa, galgando vários cargos, mesmo que isso levasse vários anos. Nessa época a dedicação, fidelidade e tempo de serviço definiam a ascensão na carreira, mas essa estrutura estava prestes a mudar, pois as empresas modernas iriam passar por intensas transformações para se adequarem às mudanças em curso na sociedade.


Entre 1981 e 1995, o Brasil crescia política, econômica e socialmente em ritmo acelerado e a democracia já estava estabelecida, surgia a Geração Y, em meio ao boom tecnológico dos anos 90.


Essa geração já adentrou o mundo do trabalho remodelado, onde o emprego tradicional, com clara delimitação de funções, níveis hierárquicos bem estabelecidos, divisões funcionais por área de competência e carreira linear (típicos da Geração X) coexistiam com novos modelos de trabalho.


Esses jovens adultos (que hoje têm até 40 anos) precisam usar da energia, inovação e desenvoltura com a tecnologia para responder com flexibilidade às diferentes demandas, executar multitarefas e trabalhar em equipes híbridas e horizontais, onde todos têm sua importância e são corresponsáveis pelo sucesso daquilo que a empresa faz. Essa geração tem pressa para crescer profissionalmente e tende a ser mais aberta a mudanças e novos caminhos.


A velocidade das transformações, imersão tecnológica e comportamento impaciente, que já eram observados na Geração Y são características que se acirraram e que definem a Geração Z ou I Gen, formada pelos nativos digitais da Era da Internet, nascidos após 1995.


Esses jovens estão adaptados a viver em dois mundos paralelos: o real e o virtual, em que a conectividade constante, instantaneidade da comunicação nas redes sociais e mobilidade trazida pelos aparatos digitais geram neles uma percepção diferente do tempo. O ritmo da tecnologia faz parte da personalidade dessa nova geração.


A geração I Gen viverá sob o impacto das novas tecnologias como Inteligência Artificial, o Big Data, a Robótica, entre outras que ainda surgirão e precisará incorporá-las em suas rotinas de trabalho. Porém as mudanças não se limitarão à tecnologia, a educação precisará ser diversificada para atender às demandas de um mercado de trabalho mais exigente, onde um diploma não garante boa colocação. Isso aumentará ainda mais o tempo de preparação da carreira e acentuará dois fenômenos que já vem ocorrendo com a geração Y: o prolongamento da fase adolescente, uma vez que a entrada no mundo do trabalho representa um rito de passagem para a vida adulta, e o atraso no processo de emancipação, já que os filhos dependem economicamente dos pais por mais tempo.
A Geração I Gen tem pela frente a difícil tarefa de escolher uma profissão em meio a uma enorme variedade de carreiras. O mundo do trabalho passou a oferecer formas alternativas de inserção laboral, como oferecer algum produto ou serviço através da internet e redes sociais, o trabalho autônomo ou terceirizado, o desenvolvimento de startups, entre outros.


Tantas opções têm deixado esses jovens confusos, pois apesar de terem fácil acesso à informação, são mais imaturos que os adolescentes das gerações anteriores e, com certeza, precisarão de ajuda e apoio para conseguir definir suas escolhas profissionais futuras.


Fontes:
GERAÇÕES. Jornal da Globo. São Paulo: Rede Globo, 15 de novembro, 2010. Programa de TV.
LOMBARDIA, Pilar Garcia; STEIN, Guido; PIN, Ramon. Quem é a geração Y? HSM Management, São Paulo, v.70, p. 52- 60, 2008.
PRENSKY, MARC. Nativos Digitais, Imigrantes Digitais. On the Horizon (MCB University Press), Bingley, West Yorkshire, v.9, n.5, 2001. Trad: Roberta de Moraes Jesus de Souza
WE ALL WANT TO BE YOUNG. Produção de Lena Maciel, Lucas Liedke e Rony Rodrigues. Roteiro: Lena Maciel, Lucas Liedke e Rony Rodrigues. São Paulo: We all want to be young, 2012. (9 min. 47 s.), son., color. Youtube: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=c6DbaNdBnTM. Acesso em 20 out. 2018.


Fonte da imagem: Rawpixel/ Unsplash