PAIS ANALÓGICOS, FILHOS DIGITAIS: DIFERENTES VISÕES SOBRE A ESCOLHA PROFISSIONAL

Pais analógicos, filhos digitais: diferentes visões sobre a Escolha Profissional


O mundo de hoje está em constante transformação e os jovens são os catalizadores das grandes mudanças. Os jovens de hoje são conhecidos como “Geração Y” que são os nascidos entre 1981 e 1995, e “Geração Z”, que são os nascidos após 1995 até os dias atuais. 


Os primeiros jovens da Geração Z encontram-se hoje em fase de conclusão do ensino médio e de escolha profissional.

Consideradas juventudes globais, nasceram na era da internet (no Brasil ela foi introduzida na segunda metade dos anos 90) e das redes sociais (as primeiras surgiram em 2003). Vivem o momento de migração do mundo digital dos computadores para os aparelhos portáteis. Estão plugados na informação, já que estão conectados em qualquer lugar e em qualquer hora. Vivem on-line: o mundo virtual tornou-se uma extensão do mundo real e estes jovens não conseguem imaginar sua existência sem aquele.


Nativos digitais, possuem familiaridade com as inovações tecnológicas, são multitarefas, estão ao mesmo tempo conectados à TV, à internet, à música e fazendo a lição de casa. Acostumados à linguagem da internet, transitam entre hipertextos, vídeos, imagens em 3D, jogos, o que faz que desenvolvam uma forma não linear de construção do conhecimento. Desenvolveram o comportamento de “zappear” pelas diferentes mídias. Este termo foi emprestado do controle remoto da TV, “zappeamos” pelos diversos canais e mudamos quando achamos que o programa que está sendo visto ficou desinteressante. Os jovens de hoje transitam pelo universo de informações de que dispõem e as descartam com a mesma facilidade que as encontram.

A conectividade constante, a velocidade da comunicação na internet, a mobilidade dos aparatos digitais e a simultaneidade da comunicação via redes sociais geram nesses jovens uma percepção diferenciada do tempo. Uma das marcas da juventude digital (mas não apenas dela) é a impaciência. Para eles, as coisas precisam acontecer “agora, já, ao mesmo tempo e junto”. Os acontecimentos viram “acontecências” e a notícia fica velha muito rapidamente.


Essa realidade é muito diferente da realidade vivida por seus pais quando eram crianças e adolescentes. Conhecidos como “Geração X”, nasceram entre as décadas de 1960 e 1980 e cresceram antes do “boom tecnológico” dos anos 90.

Filhos das gerações “Baby Boomers” (nascidos após a segunda guerra mundial até 1960) e “Veteranos” (nascidos na década de 1920 até o fim da segunda grande guerra mundial), a Geração X cresceu sob os parâmetros da família tradicional: pai e mãe no topo da hierarquia, os pais mandavam e os filhos obedeciam. A tarefa dos pais era socializar as crianças, a escola tinha a função de instruir e culturalizar e a religião orientava os preceitos morais.

O conhecimento era aprendido de forma linear: ele tinha um começo, um meio e um fim. A lição de casa era feita em silêncio, muitas vezes supervisionada por um adulto. Os trabalhos escolares eram consultados nos livros e enciclopédias. Vivia-se no mundo da palavra impressa.


Os jovens da geração X aprenderam com seus pais e educadores que ter um diploma era garantia de sucesso profissional e que uma boa carreira significava trabalhar muitos anos em uma mesma empresa, galgando os vários níveis da sua hierarquia. A carreira era estabelecida pela empresa, que valorizava a dedicação, a fidelidade e o tempo de serviço, em troca, o funcionário recebia promoções para cargos mais elevados.

Quando tiveram que escolher a profissão, havia bem menos opções que atualmente, e embora houvesse a busca por carreiras mais alternativas, ainda existia grande procura pelas carreiras consideradas “tradicionais”: direito, medicina e engenharia.

Foram adolescentes rebeldes, queriam sair da casa dos pais e conquistar a independência. Viveram a época da democratização no Brasil e o surgimento da Aids no cenário internacional (1981). Viram muitos de seus ídolos morrerem em consequência dela.


Com o boom tecnológico dos anos 90 houve a entrada maciça dos computadores nos lares, a chegada da internet e outras novidades tecnológicas. Crianças e adolescentes de uma era analógica, tiveram que aprender já adultos a se adaptar ao mundo digital, por isso são considerados “imigrantes digitais”. Possuem características diferentes dos nativos digitais, como por exemplo, imprimir e-mails e textos, não usar a internet como primeira fonte de informação, a desconfiança no uso irrestrito da tecnologia e a dificuldade em assimilar conteúdos e comportamentos da era digital.


A geração X viveu também o momento das intensas transformações do mundo do trabalho: as empresas reduziram seus níveis hierárquicos, reorganizaram áreas de competência (diretorias, departamentos, etc), reagruparam divisões funcionais e terceirizaram a atividade produtiva e as atividades de apoio, além da subcontratação dos trabalhadores.


A geração X precisou adaptar suas carreiras a todas essas mudanças, por isso pode ser considerada uma geração de transição. Como profissionais são focados, processuais, formais, tolerantes á frustração, pois viveram em uma época em que se aprendia a esperar.

O mundo do trabalho se tornou muito mais complexo e aumentaram as exigências educacionais para conseguir inserir-se profissionalmente. As novas gerações precisaram (e precisarão) investir muito mais na formação educacional. Ter um diploma universitário já não era mais garantia de uma boa colocação no mercado de trabalho.


Com esse mundo mais complexo, a escola precisou assumir as funções de socializar, culturalizar e orientar moralmente, além de oferecer aos alunos uma formação diversificada como o ensino de vários idiomas, educação financeira, noções de empreendedorismo, entre outros.


Os jovens que hoje estão em fase de escolha profissional têm pela frente um cenário muito mais complexo: há uma enorme variedade de carreiras tecnológicas e de nível superior que podem seguir, no entanto, a formação precisará ser complementada com especializações após o término do primeiro curso de formação.


Aliada a essa multiplicidade de opções de carreiras, as trajetórias de carreira estão assumindo maior complexidade, pois estão ganhando mobilidade funcional e geográfica. A mobilidade funcional refere-se às migrações que o profissional realiza para diferentes funções que requerem diferentes competências – qualificação e aprendizagem contínuas. A mobilidade geográfica refere-se às migrações de cidades, estados, regiões e países, cada vez mais frequentes nos dias atuais.


Mais do que pertencer a um quadro de funcionários de uma organização, os jovens que já estão inseridos no mercado de trabalho valorizam a meritocracia e buscam atividades profissionais que lhes permitam ter autonomia no trabalho. O que os motiva não é a promoção pela ascensão na hierarquia da empresa, mas pelo reconhecimento e maior possibilidade de colocar suas ideias e iniciativas em prática.


É também cada vez mais frequente a intenção dos jovens profissionais em montar um negócio próprio ou assumir uma empresa/negócio da família. A internet e as redes sociais também possibilitam várias oportunidades de inserção no mundo laboral, com a oferta de produtos e serviços na web, entre outras.


As carreiras profissionais já não seguem mais um percurso linear e é cada vez mais comum os profissionais mudarem de empresas, por isso torna-se cada vez mais importante e necessária para as pessoas a autogestão da carreira.


Tantas possibilidades e exigências em um mundo do trabalho tão complexo, dinâmico e incerto, têm deixado os jovens muito confusos a respeito dos caminhos profissionais que podem trilhar. Orientadores Profissionais, Educadores e Pais têm percebido essa dificuldade dos jovens, pois apesar de muito “informados”, são mais imaturos que os jovens das gerações anteriores.


Nunca foi tarefa fácil escolher uma profissão, para os jovens das novas gerações essa tarefa é ainda mais complexa e desafiadora e com certeza precisam da ajuda e apoio dos adultos para conseguir realizá-la. Os adultos, por sua vez, precisam estar muito “antenados” em todas essas mudanças para que possam ajudar adequadamente os jovens nessa importante caminhada.


Escrito por Caioá Lemos